segunda-feira, 28 de maio de 2012

Saída da Iugoslávia da União Soviética.

Enquanto preservava a rígida disciplina e o controle interno, a liderança da URSS expandia seu poder e influência no exterior. Os caminhos podiam variar, mas as estradas percorridas levavam a um único tipo de socialismo, aquele que prevalecia na URSS.
A Iugoslávia foi especialmente rápida na adoção de muitas características essenciais do sistema soviético. Os iugoslavos adotaram o sistema soviético de planos por 5 anos e já em 1946 tomaram a decisão de avançar com uma rápida industrialização. Ao final da guerra, mais de 80% da indústria iugoslava e inúmeros bancos haviam sido nacionalizados mas a liderança agiu com mais cautela na agricultura.
O rompimento com a URSS não aconteceu naquele ano porque os iugoslavos seguiam uma linha suave. Eles não só tinham agido mais rápido do que a maioria das outras lideranças do leste europeu pra estabelecer um sistema comunista, como estavam ansiosos pra ajudar os comunistas gregos a chegar ao poder.
Tinha uma série de áreas de atrito nas relações soviético-iugoslavas mesmo antes do rompimento entre os dois países em 1948. Quando soube depois da guerra que durante o conflito Stalin discutiu com Churchill (Primeiro Ministro do Reino Unido) o nível de influência que a URSS e a Grã-Bretanha teriam sobre a Iugoslávia pós guerra, Tito (Primeiro Ministro da Iugoslávia) não ficou muito contente.
Em 1947 os iugoslavos tinham apoiado a formação do Cominform. Mais legal ainda era o fato de que, por sugestão de Stalin, a sede do órgão seria em Belgrado. O Cominform incluía não apenas os partidos comunistas do leste europeu mas tb os dois maiores partidos da Europa Ocidental: o da França e o da Itália. A suposição de Stalin era de que por meio do Cominform, outros partidos poderiam ser mantidos na linha e se necessário suas lideranças substituídas. Stalin ficou aborrecido com o que considerou uma falta de consulta sobre as ações de política externa da Iugoslávia e da Bulgária, embora tanto os búlgaros quanto os iugoslavos rejeitassem a idéia de que não tinham mantido as autoridades soviéticas informadas. Uma das reclamações concretas de Stalin era de que a Iugoslávia tinha enviado duas divisões do exército a Albânia. Os iugoslavos argumentaram que elas eram necessárias pra proteger a Albânia de um possível ataque dos monarco-fascistas gregos. Quando Stalin disse aos iugoslavos que a URSS não tinha sido consultada sobre o envio do exército a Albânia, Kardelj respondeu que a ação foi tomada com o consentimento do governo albanês.
Stalin era um ator internacional cauteloso. Tinha sobretudo dois motivos pra censurar os búlgaros e os iugoslavos. Um deles era o temor de que eles inflamassem a situação internacional e antagonizassem as potências ocidentais desnecessariamente em uma época em que a URSS ainda estava nos estágios iniciais de sua recuperação da devastação da 2ª Guerra Mundial. O outro era sua perene preocupação em controlar todo o Movimento Comunista Internacional e fazer com que cada política importante de outros partidos fosse autorizada antes pela URSS. Em março de 1948, o lado soviético suspendeu as negociações sobre a renovação do acordo comercial soviético-iugoslavo e retirou da Iugoslávia assessores militares e especialistas civis soviéticos.
Quando surgiu o convite para enviar uma delegação a Bucareste, os dois lados recusaram o convite. Tito estava atento aos perigos, sorte a dele, porque há algumas evidências de que Stalin agiu pra assassinar Tito. É plausível supor que Stalin quisesse sujeitar Tito ao mesmo destino de Trotski, principalmente no período em que Tito foi isolado tanto pelo bloco comunista quanto pelo resto do mundo.
No encontro de 28 de junho de 1948 em Bucareste, a Iugoslávia foi expulsa do Cominform. A liderança do partido iugoslavo foi acusada de medidas esquerdistas, aventureiras e demagógicas e impraticáveis. Stalin tinha poucas dúvidas de que venceria um teste de força com Tito, de um jeito ou de outro. Mas Tito não caiu.
Na época os comunistas iugoslavos não tinham uma posição ideológica que fosse de qualquer modo diferente da posição do resto do movimento comunista internacional. A primeira reação deles as críticas soviéticas foi voluntariamente, tentar apressar a assimilação do modelo de sistema comunista estabelecido.
Depois de a Iugoslávia ser expulsa do Cominform, o governo Truman tomou a decisão de oferecer uma assistência econômica que ajudaria a manter em pé uma Iugoslávia independente. Era de óbvio interesse dos EUA que o titoísmo continuasse a existir como força erosiva e desintegradora na esfera soviética.
A Iugoslávia se tornou o primeiro Estado comunista a tentar reconstruir e revisar o modelo soviético, e não é surpresa que mesmoo em suas primeiras manifestações esses desvios tenham sido condenados pelo Cominform. Enquanto existisse e divergisse cada vez mais do modelo soviético, so sistema iugoslavo seria visto por Stalin como um desvio perigoso a ser eliminado. A maior preocupação era de que a ideia de modelos diferentes de socialismo pudesse se propagar. A expulsão da Iugoslávia do Cominform tinha sido, em parte, uma manifestação do endurecimento da linha soviética. Combater o titoismo e os desvios nacionais se tornou agora um tema importante da política externa soviética. Foi a justificativa encontrada pra uma onda de prisões e julgamentos no leste europeu.

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