sexta-feira, 27 de abril de 2012

Um pouco sobre Stalinismo.

Em 1945 Stalin era mais popular do que nunca na maior parte da URSS. Seria errado pensar que a maioria dos cidadãos soviéticos nos primeiros anos do pós-guerra rejeitava o sistema no qual crescera, por mais horríveis que tivessem sido algumas das manifestações desse regime. Numa entrevista feita em 1950, descobriu que a geração mais nova aceitava muitos aspectos do sistema. Esses entrevistados eram pessoas que viviam fora da URSS, pessoas que ou tinham usado a oportunidade da guerra para deixar a URSS ou tinham se deslocado e optado por não voltar. Aqueles que suas famílias tinham sido presas pela polícia secreta eram mais hostis ao sistema soviético. E os soldados que tinham lutado na guerra  tomaram consciência do padrão de vida mais alto das pessoas de outros países, e viram com seus próprios olhos que o inimigo derrotado vivia melhor do que eles e que a vida sob o capitalismo era mais saúdavel e rica. Astafiev sugeriu que a campanha de Stalin contra o cosmopolitismo era parte pra destruir qualquer admiração pelo Ocidente. Durante a guerra pra aqueles que lutavam no exército soviético, Stalin parecia encarnar progresso, unidade, heroísmo, libertação.
As pessoas acreditavam que foi Stalin que os levou a uma grande vitória. O fato de nenhum ponto de vista alternativo podia ser ventilada pela mídia ou publicada até mesmo no livro de menor circulação, reforçava naturalmente a visão cor de rosa que elas tinham de Stalin e da invencibilidade do sistema soviético. O próprio Stalin acreditava que a construção extravagante de sua imagem de líder carismático, quase sobre-humano, ajudava a consolidar o apoio ao Comunismo e a conferir legitimidade ao regime. Em meados de 1930, Stalin disse que as pessoas precisam de um czar, de alguém para reverenciar e para viver e trabalhar em seu nome. Nos últimos 15 anos de vida de Stalin a URSS deixou de ser um regime bolchevique pra se tornar um regime tipo führerista. Comparada aos anos 20, a URSS se tornou mais autocrática do que oligárquica, mas o monopólio do poder pelo Partido Comunista e a disciplina férrea continuaram a ser os pilares do sistema. Durante todo o período soviético, a polícia política esteve disponível, mas não no topo do poder. No fim das contas respondia a apenas uma pessoa: tio Stalin.
Stalin tinha o cuidado de assegurar que os ministros diretamente responsáveis pelos órgãos repressores não tivessem relações pessoais próximas com nenhum de seus próprios supervisores dentro do Conselho de Ministros ou do Comitê Central. Stalin não podia dedicar a mesma atenção a todas as esferas políticas, duas áreas que ele protegia de maneira excepcional eram os órgãos de segurança e a política externa.
De 1941 até sua morte, Stalin foi o chefe da máquina governamental oficial, bem como do Partido Comunista. Os ministérios foram instituições políticas importantes nos últimos anos de Stalin e ministros veteranos eram bem representados no Politburo, mas o Partido Comunista não permitia a menor mudança em sua hegemonia.
No topo da hierarquia estava Stalin no comando total. Isso não significa que ele tomava todas as decisões sozinho mas podia intervir em qualquer área e impor suas opiniões. Além disso outros membros da equipe de liderança viviam com medo dele.
Stalin podia ser irracional, vendo conspirações e perigos onde estes não existiam. Seus expurgos antes da guerra tb foram bem mais longe do que o necessário simplesmente pra ele assegurar seu poder inigualável. Stalin queria ser obedecido, queria estar seguro contra conspirações e achava que incutir o medo era essencial pra vencer e manter essa obediência e essa segurança. Depois de conseguir isso por meio da brutal demonstração de seu poder de matar.

domingo, 15 de abril de 2012

Uma crítica à URSS - Segunda parte: a crítica sociopolítica



2- Aspecto Sociopolítico:

O período aqui abordado será, principalmente, a Era Stálin, que vai de 1927 a 1953. A fins de uma crítica à política soviética, certamente alguns aspectos da URSS pré-stalinista já seriam o suficiente para defini-la como uma ditadura antidemocrática: o golpe de estado ilegítimo; o unipartidarismo e o controle dos órgãos estatais pelo Partido; o uso do terror (como o chamado Terror Vermelho de 1918); a censura; a organização de uma polícia secreta (a Tcheka); a aplicação do “comunismo de guerra”, entre outras medidas autoritárias.

Mas Stálin consegue ir muito além. Intensificando tais dispositivos e criandos outros mais, ele leva essa “arte” a um nível antes desconhecido de desrespeito à legalidade e de descaso à dignidade humana. Muitos historiadores e filósofos concordam em chamar seu governo não apenas de ditatorial, mas de totalitário. De fato, como nota Hannah Arendt (1989), “Stálin transformou a ditadura unipartidária russa em regime totalitário” através da “liquidação das facções divergentes, [e] a abolição da democracia interna”.

Buscarei, portanto, descrever o Estado totalitário stalinista, expondo sua forma de agir político e seu impacto sobre a sociedade soviética. Esse agir político está, de fato, intimamente ligado aos horrores cometidos por Stálin – horrores que, por si só, servem fundamentalmente como argumentos contrários à URSS stalinista; horrores que ideal humano algum, em circustância alguma, jamais seria capaz de verdadeiramente legitimar.

2.1. O totalitarismo stalinista:
O totalitarismo é caracterizado por um Estado autoritário que desconhece limites ao alcance e à profundidade de seu poder político, buscando o controle sobre basicamente todos os aspectos da vida pública e privada. A filósofa política Hannah Arendt (1989) reconhece dois governos como totalitários: o da Alemanha de Hitler e o da União Soviética de Stálin. Há quem também cite o governo de Mussolini, na Itália, e o de Mao Tse-Tung, na China.

Arendt expõe diversas características do totalitarismo, presentes tanto em Hitler quanto em Stálin: unipartidarismo (um partido de massa); burocratização do aparelho estatal; centralização do poder no núcleo dirigente do Partido; repressão política e ideológica; uso do terror; presença de polícia secreta; censura à liberdade de expressão e de imprensa; patriotismo exarcebado; expansionismo; militarização da sociedade civil; culto à personalidade do líder de Estado; propaganda e doutrinação estatal.

Ademais, como características próprias do totalitarismo stalinista, é possível citar: a perseguição e supressão religiosa; a coletivização obrigatória dos meios de produção; a abolição da propriedade privada; a crença em leis do desenvolvimento histórico.

A seguir, algumas das principais características do regime totalitário de Stálin serão abordadas mais detalhadamente – em especial, a propaganda e o terror, e tudo mais que a eles se relaciona.

2.2. A propaganda:
Sistematicamente, os governos totalitários, entre outras medidas, adotaram a censura; aboliram a oposição política e demais direitos políticos e procedimentos democráticos; estatizaram os meios de comunicação; baniram direitos tais como a liberdade de consciência, de expressão e de associação. Dessa forma, garantiram para si o total controle da informação em geral, podendo se valer de um complexo mecanismo de propaganda para conquistar e estabilizar as massas – para, então, doutriná-las.

A propaganda totalitária, com o intuito de manter uma aparente coerência entre seu belo discurso político e a terrível realidade, se esforça por criar uma ficção de dimensões nacionais. Para tanto, seus métodos iam desde a manipulação de dados oficiais, passando pela supressão de determinados fatos históricos, até assassinatos. Hannah Arendt (1989) nos dá um entre tantos exemplos: “[...] quando Stálin decidiu reescrever a história da Revolução Russa, a propaganda da sua nova versão consistiu em destruir, juntamente com os livros e documentos, os seus autores e leitores: a publicação, em 1938, da nova história oficial do Partido Comunista assinalou o fim do superexpurgo que havia dizimado toda uma geração de intelectuais soviéticos”. Enfim, qualquer fato, qualquer prova que desmentisse a fantasiosa versão oficial era prontamente eliminada: tudo pela “coerência”.

Contudo, o que melhor caracteriza a propaganda totalitária é o uso de ameaças veladas e insinuações indiretas, as quais sutilmente reforçavam o clima de terror psicológico – ideal para dominar os indivíduos não apenas externamente, mas também internamente. Frequentemente, a propaganda atuava de forma a deixar implícito que todos que ousassem não lhe dar ouvidos teriam um mau destino – perpetrado, segundo a propaganda, não pelas mãos do próprio Partido, mas pelas “forças da História”.

Não à toa, intimamente ligado a essa característica está o pseudocientificismo e o tom profético adotado na propaganda. No caso stalinista, a suposta “profecia científica” se dá no âmbito do historicismo – o qual já critiquei devidamente antes. Esse apelo fica claro na seguinte fala de Stálin (apud ARENDT): “Quanto mais fielmente reconhecemos e observamos as leis da história e da luta de classes, mais nos conformamos ao materialismo dialético. Quanto mais conhecermos o materialismo dialético, maior será o nosso sucesso”. Logo se percebe que essas ditas leis do desenvolvimento histórico são usadas apenas como um recurso retórico da propaganda e da doutrinação, com o intuito de eliminar, através do medo e da conformação, a “incômoda imprevisibilidade das ações e da conduta do indivíduo” (ARENDT) – de modo a deixar o terreno livre para os interesses próprios das lideranças totalitárias.

Um detalhe importantíssimo desse pseudocientificismo ideológico é que ele se estrutura de modo a sempre apontar para uma suposta infalibilidade do líder totalitário. Trotsky (
apud ARENDT) deixa clara essa característica em sua fala: “Só podemos ter razão com o Partido e através dele, pois a história não nos concede outro meio de termos razão”. Para legitimar essa infalibilidade, essa onisciência fantasiosa, lança-se mão de uma nítida falácia argumentativa: afirma-se que só o futuro revelará os méritos concretos da ideologia, tornando-a independente de verificação no presente. Posteriormente, o líder totalitário arbitrariamente faz com que suas predições se tornem verdadeiras, e assim a “profecia” se torna uma espécie de álibi retrospectivo: o que se sucedeu foi apenas o que havia sido predito. Exemplo disso é o discurso de Stálin perante o Comitê Central do Partido Comunista em 1930, citado por Arendt (1989): ele afirma que certas “classes agonizantes” hão de ser eliminadas durante o processo histórico – não por acaso, justamente as classes que Stálin pretendia exterminar, tais como os seus dissidentes no partido.

Atuando nesse sentido, a propaganda ajuda a construir o culto à personalidade do líder. É a consolidação daquilo que o sociólogo Max Weber (1982) chamou de
dominação carismática: as massas irracionalmente seguem, com fé quase que religiosa, um líder aparentemente dotado de qualidades pessoais virtuosas e superiores - projetadas pela propaganda. Não à toa, há na tradição bolchevista elementos ritualísticos com forte apelo à idolatria: desde uma infinidade de quadros e estátuas de Stálin, Lênin e outros “ídolos revolucionários”, até o próprio Mausoléu de Lênin, onde até hoje fica exposto seu corpo preservado.

Imagens exaltando publicamente Lênin, Stálin, Marx e Engels.

O Mausoléu de Lênin, onde desde 1924 fica exposto seu corpo preservado.

Estátuas públicas de Lênin e Stálin.

Obviamente, como já foi notado, era necessário criar uma ficção de proporções inimagináveis, uma realidade paralela, a fim de tornar plausíveis as mentiras ditas pela propaganda acerca de Stálin, de seu governo, de sua sociedade – enfim, de toda a História: passado, presente e futuro. Exemplos disso não faltam.

Em muitos casos houve a supressão de dados, como provam os Arquivos de Smolensk (descobertos pelos alemães em 1941, quando tomaram a cidade): embora neles haja abundante material sobre os expurgos de 1929 a 1937, eles “não contêm indicação alguma do número de vítimas nem quaisquer outros dados estatísticos vitais” (ARENDT); ademais, os dados existentes são totalmente contraditórios, uma vez que cada organização fornece números diferentes. Sabe-se, porém, que muitos destes dados “foram retidos ‘na fonte’ por ordem do governo” (idem).

Em diversos outros casos, vê-se a
manipulação dos dados. Arendt (1989) explica que, conforme demonstram os mesmos Arquivos de Smolensk, os dados estatísticos e econômicos de todos os distritos da União Soviética eram falsos, inventados pelo governo; de fato, os distritos “recebiam os seus dados estatísticos oficiais como recebiam as normas, não menos fictícias, que lhes eram destinadas pelos Planos Quinquenais” (idem).

Contudo, as mais famosas manipulações de dados na URSS provavelmente são as manipulações fotográficas. Às vezes, as manipulações buscavam enaltecer o líder, como tática do culto à personalidade. Porém, na maioria das vezes, seu objetivo era literalmente apagar da História oficial – e, com o tempo, da própria memória social – certos indivíduos (normalmente, aqueles que eram considerados traidores e acabavam sendo assassinados). Alguns exemplos são Trotsky, Yezhov e Kamenev, entre outros tantos.

A cruel atenção que Stálin dava aos detalhes e à (falsa) coerência fazia com que fosse necessário – e possível – eliminar não apenas os ideais e os corpos de seus inimigos, mas também qualquer indício de sua própria existência na Terra. Portanto, a
queima de arquivos era, afinal, tripla: destruíam-se os documentos, distorciam-se os fatos e matavam-se os indivíduos – na ordem que fosse mais conveniente para a preservação do poder do líder e do Partido.

Yezhov, ex-líder da NKVD executado em 1940, é retirado da imagem.

Trotsky, dissidente e rival de Stálin assassinado em 1940, é retirado da imagem, assim como Kamenev, executado em 1936.

Malchenko, dissidente preso e executado em 1930, é retirado da imagem.

Após a manipulação fotográfica, a multidão para a qual Lênin fala é ridiculamente multiplicada.

2.3. O terror:
Os governos totalitários fundamentam suas terríveis ações argumentando que, longe de serem ilegais, obedecem justamente às leis mais elevadas, fontes de todas as outras – no caso socialista, as leis da História. Assim, afirmando para si uma forma superior de legitimidade, colocam-se numa posição em que podem dispensar legalidades menores, como as leis positivas; é isso, afinal, que defende a moral revolucionária, aqui já criticada anteriormente.

É nesse contexto que atua o terror. Diferentemente do que se costuma pensar, sua principal função não é suprimir a oposição, embora também seja utilizado para isso. Inclusive, aliás, o terror cresceu na razão inversa da existência de oposição política interna, “demonstrando que a oposição política, ao invés de fornecer o pretexto do terror, foi o último impedimento para que este alcançasse a fúria total” (ARENDT).

De fato, sua função primordial é, na realidade, buscar “equilibrar” os homens, paralisando-os e tirando a força de qualquer ação humana espontânea, de modo a deixar o terreno livre para a realização forçosa das supostas leis da História. Essas leis, que almejam moldar um “novo homem”, são executadas justamente através do terror, que “elimina os indivíduos pelo bem da espécie, sacrifica as ‘partes’ em benefício do ‘todo’” (idem). Não tendo nenhuma finalidade utilitária, o terror, muito pelo contrário, frequentemente causava um desnecessário mau-estar socioeconômico geral.

Tendo o terror uma posição central no totalitarismo, não é mero acaso o fato de o principal órgão dos governos totalitários ser a polícia secreta. A URSS possuiu diversas polícias secretas, como a Tcheka, a NKVD e a KBG. Muitas vezes, a polícia secreta atuava sem mandato judicial, e era permitido a ela o uso de “meios físicos de persuasão”, isto é, a tortura. Sendo por vezes denominadas como “um Estado dentro do Estado”, a polícia secreta totalitária estava sujeita apenas aos desejos do líder. Sua principal função “não é descobrir crimes, mas estar disponível quando o governo decide aprisionar ou liquidar certa categoria da população” (idem). Era, afinal, o carrasco próprio dos governos totalitários.

Dentro da lógica do terror é introduzida a noção de inimigo objetivo, em substituição ao inimigo suspeito. O inimigo objetivo “é definido pela política do governo, e não por demonstrar o desejo de derrubar o sistema” (idem). São, portanto, definidos segundo as circunstâncias e os desejos particulares dos líderes. Como aponta Arendt (1989), “os bolchevistas, tendo começado com os descendentes das antigas classes governamentais, dirigiram todo o seu terror contra os kulaks (no começo da década de 30), que por sua vez foram seguidos pelos russos de origem polonesa (entre 1936 e 1938), os tártaros e os alemães do Volga (durante a Segunda Guerra), os antigos prisioneiros de guerra e unidades das forças de ocupação do Exército Vermelho (depois da guerra), e finalmente a população judaica tachada de cosmopolita (depois do estabelecimento de um Estado judaico)”.

Mais interessante ainda para o terror, porém, é a substituição da noção de ofensa presumível pela de crime possível. Assim como a noção de inimigo objetivo, essa noção também é altamente subjetiva. O indivíduo já não é preso porque presume-se que ele é capaz de cometer um crime; ele é preso a partir de uma fantasiosa previsão lógica de supostos fatos objetivos. Exemplos clássicos são os Julgamentos de Moscou, cujas acusações baseavam-se “numa previsão grotescamente brutalizada e distorcida de possíveis acontecimentos” (DEUTSCHER apud ARENDT) dos quais, porém, não existia prova factual alguma. Stálin eliminou, assim, basicamente toda a aristocracia administrativa e militar da sociedade soviética.

É válido, aliás, apontar que todos esses crimes eram encobertos, ou então legitimados, através do esforço constante da propaganda e da doutrinação. Assim, por um lado, a polícia secreta é encoberta pela propaganda; e, por outro, a ficção propagandística se torna uma realidade imposta pelas mãos da polícia secreta.

Um fato curioso e perturbador é a forma como o totalitarismo stalinista tratava a questão constitucional. Em 1936, chegou a ser promulgada uma nova constituição – “um véu de frases e preceitos liberais encobrindo a guilhotina escondida no fundo”, segundo Deutscher (apud ARENDT). No entanto, “nenhum parágrafo dessa constituição jamais teve o menor significado prático na vida ou na jurisdição russa” (ARENDT); pelo contrário, ela – embora não tenha sido abolida – foi desde o início ignorada e desrespeitada pelo próprio Estado, tendo coincidido inclusive com o começo do Grande Expurgo. A única função dessa constituição, portanto, era manter a fachada do governo fantasma russo, que à época já havia perdido todas as suas funções efetivas. Quanto a esse assunto, aliás, Stálin “pôde dar-se ao luxo de mais um absurdo: com a exceção de Vishinski, todos os autores da Constituição [...] foram executados como traidores” (idem).

Agora, falarei resumidamente de alguns dos mais conhecidos casos de uso do terror na URSS stalinista. Primeiramente, pode-se falar da da coletivização forçada realizada durante o primeiro Plano Quinquenal – processo no qual, durante 1929 e 1931, as pequenas e médias propriedades privadas foram expropriadas, revertendo os tímidos avanços que a NEP de Lênin havia trazido. Os proprietários, muitas vezes desesperados, destruíam ou escondiam suas posses; foi necessária o uso de força militar para levar adiante a coletivização. Algumas de suas consequências foram as grandes transferências populacionais (muitas vezes forçadas, aliás), bem como o início de um crônico problema agrícola na URSS – que inclusive levou a uma terrível fome em 1932-33, cujos dados, propositalmente suprimidos da historiografia soviética oficial, só chegaram a público após a perestroika e a glasnost.

Intimamente relacionada com a coletivização forçada está o processo de deskulakização, que consistiu na perseguição e na repressão política contra os kulaks (camponeses ricos) enquanto “classe social inimiga” dos projetos do Estado. Tal processo se deu entre 1929 e 1932, com mais de 2 milhões de kulaks deportados.

O
Gulag era o sistema de trabalhos forçados implantado na URSS de 1918 a 1956. Era destinado a criminosos, presos políticos e qualquer cidadão que, de alguma forma, representasse um obstáculo ao Estado. As condições de trabalho eram penosas: o trabalho intensivo, em regime semelhante à escravidão, era permeado pela fome, pelo frio e por torturas. Segundo alguns dados, supõe-se que as mortes nos campos de trabalho forçado chegaram a 3 milhões.

Prisioneiros do gulag de Belbatlag, em 1932.

O Holodomor foi a fome artificial, de caráter genocidário, que devastou a Ucrânia em 1932 e 1933. Foi um crime que visava a limpeza étnica, buscando atingir especialmente os ucranianos. A fome – que, de fato, atingiu também outros países da URSS – foi arbitrária e intencionalmente consumada na Ucrânia através de mecanismos repressivos tais como intervenções sobre o comércio, proibição de importações, bloqueio sobre o fornecimento de alimentos, impedimento da migração, entre outras medidas. Estimam-se em 3,5 milhões as mortes decorrentes do Holodomor; e em 7 milhões as mortes decorrentes da fome de 1932-33 em geral.

Vítimas do Holodomor; Ucrânia, 1933.


O Grande Expurgo foi um processo de perseguição e repressão política ocorrido entre 1934 e 1939, especialmente a partir de 1937. Com a paranoica intenção de eliminar os “inimigos do povo”, Stálin ordenou a expulsão, prisão e, por vezes, execução de cerca de dois terços dos membros do Partido Comunista da URSS bem como boa parte do Exército soviético, além de inúmeros civis. Entre os membros do Comitê Central em 1924, só três sobreviveram: o próprio Stálin e seus aliados Molotov e Kalinin. Diante dessa situação, afirmava Stálin (apud ARENDT): “A qualidade inalienável de cada bolchevista nas condições atuais deve ser a capacidade de reconhecer um inimigo do Partido, não importa como ele se disfarce”. Uma vez que toda e qualquer pessoa podia ser um “inimigo do povo”, não havendo critérios objetivos para defini-los, e uma vez que também seriam assim considerados aqueles que não cumprissem o dever de delatá-los, iniciou-se uma cadeia de denúncias mútuas que apenas serviu para alimentar o terror. O número total de vítimas do Grande Expurgo é estimado em cerca de 1,6 milhão.

Uma lista de 1937 referente ao Grande Expurgo, assinada pelo próprio Stálin, entre outros.


Há muitos outros casos particulares nos quais foi utilizado o terror; os casos acima citados são apenas os mais conhecidos (para mais detalhes, ver COURTOIS et al). É válido ter em mente que todos os números e estatísticas referentes à URSS, especialmente ao período stalinista, devem ser encarados com incerteza: os dados são poucos, contraditórios e distorcidos. Porém, não se põe em dúvida que o governo totalitário de Stálin, através do terror, matou milhões e prendeu ainda mais. As mortes atribuídas a Stálin são estimadas, normalmente, entre 20 e 35 milhões no total – entre vítimas da fome e da repressão que durante essa época assolaram como uma epidemia a União Soviética. Mesmo as estimativas mais modestas apresentam números absurdamente altos. Diante desses tão perturbadores fatos, é muito importante que nos perguntemos se os fins realmente justificam os meios – e, ademais, se esses fins realmente são, afinal, o que parecem ser. Tomar consciência das respostas a essas perguntas talvez seja a única forma de evitar que absurdos semelhantes à URSS stalinista venham a se repetir futuramente, e que seus erros mais uma vez assolem a humanidade.


2.4. Referências bibliográficas:

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

COURTOIS, Stephane et al. O livro negro do comunismo. Tradução de Caio Meira. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.

WEBER, Max. Ensaios de sociologia. Tradução de Waltensir Dutra. Rio de Janeiro: LTC Editora, 1982.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Quem foi Lênin?

Não sou muito fã da história da União Soviética, mas hoje vou escrever um pouco sobre o Vladimir Ilyitch Lenin. Ele desempenhou um papel decisivo no século XX, graças ao seu talento visionário e estrategista. Após a execução de seu irmão Alexandre, ligou-se ao movimento revolucionário em 1887, depois de estudar direto abriu um escritório em São Petesburgo que logo virou o centro de propagandas e de atividades subversivas. Depois de se casar com a Nadedja Krupskaia, Lênin dedicou-se à análise de condições prévias para uma revolução na Rússia, sempre com ideias marxistas. Em 1990, exilou-se em Londres, Munique e Genebra. Idealizou um partido de "novo cunho" com ideais centralizadores e que seriam regidos por revolucionários profissionais qualificados. Com essas ideias Lênin participou do II Congresso do Partido Social-Democrata Russo, em 1903, onde a corrente de Lênin conseguiu se impôr. Desde então, essa corrente começou a ser chamada de Bolchevique (que em russo significa "de mais" ) e o grupo adversário de Mencheviques (que em russo significa "de menos ). A falência da Revolução de 1905 obrigou Lênin a voltar para a Rússia, mas novamente foi protagonista da Revolução de 1917 que foi chamada de Revolução de Outubro. Lênin faleceu em 1924 e foi enterrado no mausoléu construído para essa ocasião na Praça Vermelha de Moscou.
Depois volto com mais detalhes sobre outros acontecimentos que marcou a história da União Soviética.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Uma crítica à URSS - Primeira parte: a crítica filosófica.

Considerações iniciais:

Ao se discutir a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) necessário atentar para a separação entre “ser” (dimensão descritiva) e “dever ser” (dimensão normativa) – devendo a discussão ater-se somente à primeira dimensão. Isso se dá porque as perspectivas normativas são frutos não de dados objetivos e factuais, mas de teorizações filosóficas idealmente puras ou de especulações que extrapolam os limites de nossa experiência histórica.

Para explicar a importância da análise descritiva é válido citar o filósofo esloveno Slavoj Žižek – um marxista –, que afirma que “todas as melhores análises marxistas são sempre análises de um fracasso” (ŽIŽEK apud BUCKINGHAM et al). O que Žižek quer dizer é que há uma tendência entre os esquerdistas de remoer seus fracassos, pois isso permitiria “que se criem mitos sobre o que teria acontecido caso fossem bem-sucedidos” (BUCKINGHAM et al). Ele prossegue comentando que essa postura “permite evitar questões reais, tais como reavaliar a natureza da revolução política” (idem). E é justamente nessas questões reais que devemos nos focar.

Assim, falarei aqui somente daquilo que os fatos históricos e a experiência real podem de alguma forma comprovar, ainda que seus significados sejam passíveis de interpretações divergentes. Para estruturar a discussão, as críticas serão divididas em três aspectos: aspecto filosófico, aspecto sociopolítico e aspecto econômico. Sem mais demora, partirei para o primeiro aspecto.

1. Crítica ao aspecto filosófico:

1.1. O historicismo e a dialética:
De início, vale explicar o historicismo do qual se vale o pensamento marxista. Ele tem suas origens no filósofo idealista alemão Hegel. A filosofia hegeliana gira em torno da noção de “dialética”, que pode ser exposta da seguinte forma: cada noção, ou tese, possui em si sua contradição, a antítese, a qual só é solucionada com o surgimento de uma nova noção mais abrangente, a síntese. Tal processo continua a acontecer em espiral, alcançando níveis cada vez mais elevados; ou seja, cada síntese se torna uma nova tese, à qual corresponde uma nova antítese, cuja resolução leva a uma síntese ainda mais elevada.

A dialética hegeliana

Hegel liga esse processo à consciência humana, ou Geist. Isso leva à conclusão de que “a natureza da consciência tem mudado através do tempo e de acordo com um padrão visível na História” (BUCKINGHAM et al) – sendo, portanto, toda a realidade um processo histórico. Ademais, Hegel afirma que esse desenvolvimento histórico da consciência não ocorre ao acaso, possuindo de fato um sentido e uma finalidade. A tal finalidade, o “Espírito absoluto”, corresponde o conhecimento completo.

Como dito, Marx se baseia na dialética hegeliana. Porém, não aceitando seu caráter idealista, traz a ela o materialismo. Assim surge o materialismo histórico-dialético, ligado já não ao Geist, mas às relações de produção. É de acordo com essa noção que Marx e Engels (1998) afirmam que “a luta de classes é o motor da História”, e identificam como sua finalidade a sociedade sem classes, isto é, a sociedade comunista – surgida do atrito entre a burguesia (tese) e o proletariado (antítese).

A dialética marxista

Com base em tais noções, Marx acredita ter consolidado uma teoria “científica” do socialismo. No entanto, o método dialético marxista apresenta muitas falhas em relação à metodologia científica e ao rigor lógico. Entre outros críticos, o mais influente filósofo da ciência do século XX, Karl Popper, posiciona-se contra qualquer tentativa de fundamentação de leis gerais do desenvolvimento histórico, bem como qualquer tentativa “científica” de previsão histórica.

Popper (1980) afirma que não existem tais leis, mas apenas certas tendências – as quais são sempre passíveis de mudança, devido à imprevisibilidade tanto de fatores da Natureza quanto do próprio ser humano. Ademais, a realidade histórica é composta e influenciada por uma infinidade de fatores, sendo impossível reduzi-la a um só fator, como a luta de classes; da mesma forma, como nota Weber (2006), os seres humanos são influenciados por diversos fatores para além de seus interesses de classe. E, afinal, a força da criatividade e da inventividade humana nos permite produzir uma variedade de opções e de escolhas através das quais efetivamente fazemos a História, sendo inviável “ver todos os eventos da História dependentes de grandes causas originais ligadas pela corrente da fatalidade, como que eliminando os homens da história da raça humana” (TOCQUEVILLE apud ARENDT). Não há, portanto, absolutamente nenhuma base cientificamente rigorosa ou segura o suficiente na qual possam se basear supostas leis gerais da História.

A refutação do historicismo feita por Popper pode ser resumida em quatro pontos encadeados: toma-se por premissa que o curso da história humana é fortemente influenciado pelo aumento do conhecimento e da tecnologia; não se pode predizer, racional ou cientificamente, a expansão futura do nosso conhecimento; logo, não é possível prever o futuro curso da história humana; portanto, não se pode haver nenhuma teoria científica do desenvolvimento histórico que sirva como base para a predição histórica. Desse modo, é aniquilado o objetivo de métodos historicistas como o de Marx.

Refutando-se o método histórico-dialético marxista, refuta-se a crença no socialismo como uma necessidade histórica e como um inevitável porvir. Dessa forma, passa-se a entender sua implantação, tal como ocorrida na URSS, como um ato arbitrário – e não raro violento – de imposição, realizado por alguns poucos que, embora digam apenas seguir fielmente as “leis da História”, na verdade a tomam para si e a moldam de acordo com seus próprios interesses e com crenças que supõem ser superiores e “verdadeiras”.

1.2. A moral teleológica:
A filosofia socialista não desenvolveu nenhuma teoria ética formal. Isso se deve, em grande parte, ao conceito de práxis revolucionária – que prega a constante transformação das circunstâncias, tanto em termos de teoria quanto em termos de prática. No entanto, fica claro que os socialistas se baseiam largamente numa moral teleológica – consolidada sob a noção de “moral revolucionária”.

Teorias teleológicas (telos = fim) são aquelas que buscam explicar a finalidade dos seres. Aristóteles afirmava que o Bem é o fim a que todo ser aspira (BUCKINGHAM et al). Uma moral teleológica, portanto, é aquela que define o Bem como um fim universal, comum a todos. O Justo, por sua vez, seria apenas tudo aquilo que maximiza o Bem. Ou seja, tomada ao extremo, é a doutrina moral que define que “os fins justificam os meios” (desde que sejam “bons fins”).

Na doutrina socialista, o Bem é a própria sociedade socialista. Assim, legitima-se qualquer ação que busque alcançar esse fim – como prega a “moral revolucionária”. De fato, Lênin (apud MORENO) defendia a necessidade de uma “guerra prolongada, tenaz, desesperada, a morte” em nome do ideal socialista – que, segundo Trotsky (idem), seria “o maior bem da Humanidade”. Ou seja, em nome de supostos fins universalmente desejáveis, justificam-se barbáries universalmente inomináveis.

Para além de seu aspecto consequencialista, a moral revolucionária do socialismo também tem um caráter extremamente coletivista. De acordo com o líder revolucionário argentino Nahuel Moreno, a moral socialista exige que as necessidades individuais, bem como a liberdade e o prazer, “estejam subordinados e sejam assimilados em função de nossas normas morais, que têm seu objetivo central: a revolução e o partido” (MORENO). Ele prossegue afirmando que “a vida, a moral, a consciência e o próprio corpo físico do camarada de partido valem muito mais que si mesmo” (idem).

Percebe-se, pois, que, ao se seguir a moral socialista, o indivíduo – com sua dignidade, personalidade, seus direitos, escolhas, opiniões, desejos, potencialidades – é inteiramente eclipsado por barganhas políticas e cálculos de interesses sociais (definidos arbitrariamente por um planejamento central). Ignora-se que os indivíduos possuem diferentes concepções particulares acerca do Bem e do Justo, e que eles tendem a defender seus interesses e crenças próprios, acima dos demais. Além disso, como nota o sociólogo Álvaro de Vita, essa moral só pode operar com “exigências motivacionais heroicas” (VITA) feitas a cada indivíduo – exigências que vão muito além do razoável, e que não podem se sustentar sem o auxílio de uma forte coerção que obrigue os indivíduos a realizá-las.

Em oposição à moral teleológica socialista, há a moral deontológica de tradição liberal. Segundo essa formulação, o ato moral é definido pelo dever (deon = dever). Segundo Kant, o dever é definido pela razão individual (universal) dotada de autonomia – sendo portanto auto-imposto, e não imputado por terceiros.

Moral deontológica e moral teleológica

Com base nessas noções, Kant formula uma lei moral universal, o imperativo categórico, com duas formulações. São elas (1) o próprio imperativo categórico, que diz: “Age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, por sua vontade, lei universal”; e (2) o imperativo prático, que diz: “Age de tal modo que trates a humanidade, tanto em tua pessoa como na de qualquer outro, sempre como um fim em si mesmo e nunca como apenas um meio” (KANT).

As leis morais formuladas por Kant, apropriadas pelo liberalismo político, indicam as extensões e os limites de nossas ações, quando pautadas na racionalidade e na razoabilidade. Ou seja, nem o melhor dos fins justifica o uso de meios imorais. Tais leis trazem, também, as noções de liberdade e de dignidade humana – nas quais se baseiam, inclusive, os Direitos Humanos. Isso significa que todo e qualquer indivíduo possui, independentemente de quaisquer circunstâncias, certos direitos e liberdades fundamentais inalienáveis; ou seja, como escreve John Rawls (1997), “cada pessoa tem uma inviolabilidade fundada na justiça que nem mesmo o bem-estar da sociedade como um todo pode ignorar”.

Justamente por manter todos os indivíduos a salvo de contingências e arbitrariedades da vida social e política e garantir-lhes certos direitos que nada pode suprimir, a moral deontológica me parece muito mais satisfatória como fundamento para a organização social e para a ação política que verdadeiramente preze pela liberdade e por alguma igualdade.

Porém, não é difícil perceber que os revolucionários soviéticos davam pouca importância aos direitos individuais inalienáveis – inclusive o primeiro deles: a vida. Pelo contrário, estes eram colocados em segundo plano sempre que representavam um empecilho ao projeto socialista, sendo os indivíduos discriminados (de acordo com sua classe social, posição política, etnia etc.) segundo uma lógica que George Orwell (2003) deixa sarcasticamente clara em seu livro A Revolução dos Bichos: “todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais que outros”. Afinal, os indivíduos eram tratados pelos líderes soviéticos não como fins em si mesmos, mas como meios para que se atingisse um determinado fim (o Estado socialista).

Tais formas de pensar justificaram e legitimaram as formas de agir opressoras e violentas com que o Estado soviético por tanto tempo dominou o povo, e em especial aqueles que tinham a audácia de dele discordar ou de, por algum motivo, ser-lhe um obstáculo.

1.3. Referências bibliográficas:
ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 1989.

BUCKINGHAM, Will et al. O livro da filosofia. Tradução de Rosemarie Zielgemaier. São Paulo: Globo Editora, 2011.

KANT, Immanuel. Fundamentos da metafísica dos costumes. Tradução de Lourival de Queiroz Henkel. Rio de Janeiro: Brasil Editora, 1967.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. Manifesto comunista. Tradução de Álvaro Pina. São Paulo: Boitempo Editorial, 1998.

MORENO, Nahuel. A moral e a atividade revolucionária. Disponível em: < http://www.marx ists.org/portugues/moreno/1969/moral/cap01.htm>. Acesso em: 01/04/2012.

ORWELL, George. A revolução dos bichos. Tradução de Heitor Aquino Ferreira. São Paulo: Globo Editora, 2003.

POPPER, Karl. A miséria do historicismo. Tradução de Octany S. da Mota e Leonidas Hegenberg. São Paulo: EDUSP, 1980.

RAWLS, John. Uma teoria da justiça. Tradução de Almiro Pisetta e Lenita M. R. Esteves. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

VITA, Álvaro de. Uma concepção liberal-igualitária de justiça distributiva. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-69091999000100003. Acesso em: 01/04/2012.

WEBER, Max. A "objetividade" do conhecimento nas ciências sociais. Tradução de Gabriel Cohn. São Paulo: Ática, 2006.

domingo, 1 de abril de 2012

A Batalha de Stalingrado



Falar sobre a URSS é um pouco complicado pra mim, sou loucamente apaixonada por história, mas assumo que nunca fui a fundo sobre a União Soviética. Foi então que pensei em falar sobre um tema que me encanta que é a Alemanha, a relação entre as duas nunca foi lá muito saciável mais os dois, lado a lado, fizeram história.
A importância da união Soviética na segunda guerra mundial é inquestionável, se podemos dizer algo, é que se não fosse a União Soviética dar um gás no mundo e praticamente dizer “Olha! A Alemanha não é invencível”,  a guerra ainda teria durado muito mais.
Quando o exército alemão chegou  até ao “coração da URSS ” , Stalingrado, o Exército Vermelho conseguiu resistir. A forma do Exército Vermelho se defender era batalhar de rua-a-rua, e de casa-a-casa. Com a ajuda do Inverno rigoroso o Exército Vermelho tinha a vantagem de estar e lutar no seu próprio país e ter assim mantimentos que pudessem assegurar a manutenção deste grande exército, mantimentos estes que o exército alemão não tinha acesso.
A batalha foi o ponto de virada na frente leste da guerra, marcando o limite da expansão alemã no território soviético e é considerada a maior e mais sangrenta batalha de toda a História, causando a morte e ferimentos em milhares de soldados e civis
Não sou nenhuma expert no assunto muito pelo contrário, mas me atrevo a falar que às margens do rio Volga, na antiga União Soviética, entre 17 de julho de 1942 e 2 de fevereiro de 1943 foi o começo do fim, assumo que quanto mais eu pesquiso sobre a União Soviética, mais eu gosto da sua história.

 Bom, uma dica legal é o filme Círculo de fogo, da pra visualizar muito bem essa batalha.


Sinopse: A história se passa durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, quando os soldados de Hitler tentavam invadir uma das últimas cidades da Rússia que ainda resistia (Stalingrado). Historicamente falando, essa foi a primeira grande derrota da Alemanha na guerra, onde mesmo com todo o seu poderio bélico não conseguiu invadir a cidade. Essa passagem histórica serve como ambiente para contar quem foi Vassili Zaitsev, um exígimo sniper, herói russo que serviu como símbolo de estímulo para as tropas russas não desistirem da luta. Para tentar impedir esse crescimento avassalador de Zaitsev, a Alemanha envia o Major König para eliminar o atirador russo.